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Legado das Palavras
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Ir ao cinema e surpreender-se com a história de um filme é muito prazeroso. A obra sequer precisa ser memorável ou a coisa mais empolgante da década, basta trabalhar bem o que tem em mãos e entregar ao espectador algum tempo de imersão na história contada. Boneco do Mal (The Boy), em síntese, é exatamente um desses filmes.
Dirigido por William Brent Bell (Filha do Mal e Stay Alive) e estrelado por Lauren Cohan (a Megan de The Walking Dead), Boneco do Mal, em um primeiro olhar, pode parecer claramente uma simples cópia de Annabelle. Afinal, é um filme de terror com um boneco. E em até certo ponto, a trama trabalha para que essa imagem seja mantida. O que se mostra uma jogada inteligente, pois assim o efeito de seu grande plotwist é potencializado.

Oi! Como estão?
Este post marca a estreia do Legado das Palavras em 2016. Como das outras vezes, algumas feitas em outros blogs, gosto bastante de criar uma lista com os melhores filmes que eu assisti — e foram lançados — no ano em questão. No caso, 2015.  
A lista carece de filmes com grande potencial, mas que, infelizmente, não consegui assistir ainda. Os filmes, listados abaixo, não seguem na ordem de preferência, em suma são dez filmes que você precisa assistir. E vale ressaltar: não sou crítico de cinema tampouco um grande entendedor da arte — embora esteja buscando sempre adquirir maior conhecimento sobre ela.
A lista é, portanto, uma maneira de conversar com os leitores sobre as obras cinematográficas que mereceram destaque aqui. Talvez vocês também tenham suas listas, então, não hesitem, e as coloquem nos comentários.
Sem mais delongas, vamos ao que interessa:

Star Wars: O Despertar da Força



Divertido e nostálgico. Homenageou e respeitou os antecessores, mas mais que isso, ainda conseguiu dar fôlego à nova trilogia e me deixar muito ansioso pelos próximos. Possui o seus problemas, alguns em relação ao roteiro, mas que não afetaram a minha experiência com o longa. O saldo positivo foi muito maior.

Slow West   


 


Nos últimos anos, tive a felicidade de assistir ótimos filmes de faroeste. Dentre eles posso citar Django Livre, A Salvação, O Vale Sombrio. Em 2015, tivemos outros três ótimos nomes para incluir nessa lista: Bone Tomahawk, um faroeste com canibais, o brilhante Os Oito Odiados, e o nono lugar da lista: Slow West. Dono de uma fotografia e diálogos maravilhosos, conta com um roteiro excelente e as atuações ótimas de Michael Fassbender e Kodi Smit-McPhee. Além disso tudo, o final é incrível.

Corrente do Mal



Desde suas primeiras exibições mundo afora, angariou muitos fãs e críticas positivas, mas também houve que não gostou. Depois de assistir pela segunda vez, me rendi ao filme e a sua inovação no gênero. Embora o roteiro tenha deslizes, a premissa é criativa. Destaque para o prólogo, uma introdução assustadora, que trabalha com o medo do que não é visto. Conta também com ótima fotografia e trilha sonora.

Divertida Mente



A Pixar, após certo tempo em uma baixa nem tão baixa assim, nos brindou com Divertida Mente. Um filme sobre memórias e as emoções que as comandam. Um roteiro brilhante que conversa com os adultos, talvez, mais que com as crianças. Ainda assim, o publico infantil fica apaixonado pelos personagens e a animação em si. Uma das animações mais recentes que quase me fez chorar, e olha que as únicas que conseguiram me arrancar algumas lágrimas foram Túmulo dos Vagalumes e Mary e Max.

Sicario — Terra de Ninguém



Sicario tinha tudo para ser apenas mais um filme sobre os cartéis mexicanos e passar despercebido, sem alarde. Tinha até mesmo o roteiro: ora fraco e inconsistente, ora previsível. Apresenta uma subtrama que pouco contribuiu para a narrativa e o seu desfecho tampouco apresentou o clímax, talvez, imaginado pelo roteirista.  O que o torna tão bom é a direção de Denis Villeneuve. Ele extrai o máximo que consegue do roteiro, eu diria que até ajuda a torná-lo melhor. O filme é sufocante, chocante, brutal, mas tudo isso é construído pela direção densa de Villeneuve. Apesar de ter poucos filmes no currículo, é justo dizer que o diretor canadense é um dos atuais mestres do suspense.

Que Horas Ela Volta?



Um filme sensível. Conta com a atuação impecável da atriz Regina Casé, mas não apenas isso. O filme explora a distinção entre as classes sociais brasileiras, mostra como, nos últimos anos, as filhas de empregadas possuem as mesmas oportunidades que os filhos dos patrões.
Um espelho da nossa sociedade. Pode soar irritante o modo como a Jéssica age, no entanto, isso quer mostrar que os tempos mudaram. Que muitas Jéssicas em nosso Brasil não abaixam mais a cabeça para preconceitos ou pensamentos negativos. Ela representa os jovens pobres que agora possuem uma chance de crescer, e que não se deixam intimidar, antes os desafios ou membros de outras classes.
Que Horas Ela Volta? faz a gente enxergar tantas pessoas representadas em seus personagens, emociona, revolta, mas não deixa de dar um fôlego de esperança.

Os Oitos Odiados



Quentin Tarantino arrisca novamente no gênero faroeste e acerta. Como de costume, a direção é ótima, aliada a um belo roteiro. Os diálogos caminham de maneira incrível entre o cômico e o suspense, a tensão. Aliás, filme esse, que possui boa parte construída apenas em diálogos. Além disso, existem as marcas já registradas do diretor.  Os Oito Odiados também discute em suas entrelinhas o racismo e a misoginia de maneira incrível.
Samuel L. Jackson e Jennifer Jason Leigh roubam a cena dos demais atores, principalmente essa última. Ela vive mais uma das fortes personagens femininas de Tarantino.

Ex-Machina



O filme é a estreia de Alex Garland (roteirista de Extermínio e Não Me Abandone Jamais) na direção.  Os ótimos efeitos especiais, são ofuscados pelo roteiro interessante que explora diversas situações envolvendo o avanço da inteligência artificial, imergindo o espectador na história, fazendo-nos acompanhar, atento, o desenrolar incrível que o Ex-Machina tem. Um thriller psicológico e também filosófico, embora este último item já tenha sido exaustivamente explorado em outras obras.
Sem dúvidas um dos grandes filmes de 2015, e conta com um time de poucos atores, mas que conseguem conduzir a trama sem deslizes, destacando a atriz Alicia Vikander, numa das melhores atuações do ano.

Beasts Of No Nation



Se você já assistiu a primeira temporada de True Detective, inteiramente dirigida por Cary Fukunaga, sabe a habilidade e o talento que esse diretor tem. Ainda que auxiliado por um ótimo roteiro e atuações brilhantes, ele conseguiu impor sua marca e gravar o seu nome ao dirigir uma das melhores séries da última década.
Fukunaga foi o escolhido para conduzir o primeiro filme original da Netflix, e o brilhantismo continua o mesmo. Uma direção absurda, com direito a um plano sequência excelente, aliada a uma fotografia que explora e conduzem o espectador durante as sequências do filme. Se Sicario foi salvo pela ótima direção, Beasts of No Nation foi elevado ao outro patamar graças a ela.
Um filme brutal que mostra a ótica de uma criança ante os horrores da guerra. É a estreia do ator mirim Abraham Attah, sequer lembrado em prêmios importantes, mas que entrega uma atuação excelente. Além dele, contamos com a atuação magistral de Idris Elba, que, também, sequer recebeu uma indicação nos prêmios mais famosos. Um dos melhores atores dessa geração que, grotescamente, é atingido pelo preconceito da indústria — ainda bem que não da arte.
   
Mad Max: Estrada da Fúria


Furiosa. 

Menções Honrosas:

- Dope
- Turbo Kid

Oi.

Não sei para vocês, mas para o cara que comanda esse blog aqui, 2015 foi um ano corrido. Em sua maioria, melhor que pior.

Co-criei o podcast (hoje também no limbo) Radialética; ganhei um prêmio literário, o Strix, pelo conto O Silêncio de Gael; publiquei sete contos; criei e organizei o Zinescritos; criei o projeto Escrita Solidária, criei o projeto, provisoriamente intitulado de Floresta das Ilusões (que sairá do papel em 2016); participei do meu primeiro bate-papo como escritor; e fiz a primeira leitura pública de um conto meu. Ah, claro, assisti Star Wars: O Despertar da Força também!

Muitas coisas legais. Muitas mesmo.

Uma das coisas nem tão legais foi que o Legado das Palavras ficou um pouco estagnado. Raras postagens e nada de grande interesse além delas. Pensei em reiniciar o blog ou até mesmo criar outro, no entanto, gosto do acervo dentro do LdP. Mostra bastante da minha evolução como escritor, leitor e amante da literatura. Decidi, então, em 2016, continuar, dar seguimento, ao que comecei.

Estruturei uma grade de postagens bacana, e embora não saiba se conseguirei segui-la a risca, o mínimo que produzir, já será ótimo. Para mim, na prática da escrita e leitura, e ao blog, tirando-o do limbo. Espero, para os poucos leitores que ainda nos seguem. Aguardem pelo retorno do Legado das Palavras.

Ele será uma mescla de blog literário, com resenhas e artigos sobre livros; também será uma espécie de "blog de escritor", com dicas e o que mais eu conseguir produzir. Claro, não deixarei o cinema de lado. O blog, em 2016, ganha também uma versão no Medium, para uma coluna especial. Outra boa notícia é o retorno do podcast Radialética.

E uma das novidades mais legais é que o Eduardo Sugahara, grande amigo, artesão, escritor e gamer nato, terá uma coluna para falar de jogos! Bacana, não?

Talvez role um vlog também, mas ainda não é certeza. E esse é um papo para o próximo ano.

Estejam conosco em 2016. Será maneiro. Eu prometo.

Com carinho, Hugo Sales.


Muitas coisas aconteceram na semana que passou. Algumas boas, outras péssimas — momentos que não desejo a ninguém. Eu me senti perdido, desnorteado, mas me reencontrei com ajuda da escrita. Consegui, através dela, reordenar meus pensamentos. E seguir em frente, obstinado.
Uma das coisas boas de Novembro é o #NaNoWriMo (do qual já falei aqui). Nas últimas duas edições, eu planejei participar, mas não mergulhei de cabeça na proposta. Este ano me empenhei bastante. E algumas das coisas que aconteceram contribuíram muito para que eu me fechasse no quarto escuro, sentasse a bunda na cadeira e enfrentasse a página em branco, dia após dia. Só assim conseguiria não pensar, não sentir repúdio do mundo e não me quebrar.  
Peguei um esqueleto de 11 capítulos, rascunhados em meu caderninho do Jack — rascunho esse, escrito em meados de Junho, no parque Trianon, em São Paulo, mas engavetado com o tempo conseguinte.  Eu sequer sabia como terminaria, mas deixei a história falar por si e me levar através dela. Eu utilizei essa ideia engavetada no #NaNoWriMo.


Caderninho do Jack.

Drama não é meu gênero favorito, mas gosto bastante, porém nunca me arrisquei a escrever algo exclusivamente voltado para ele. O máximo que fiz foi fundi-lo a outros gêneros, sem utilizá-lo como o principal; por conta disso, de arriscar a sair da minha zona de conforto, eu acreditava que não alcançaria a meta de 50.000 palavras escritas. Fiz esse desafio a mim mesmo. .
De fato, ainda não ultrapassei, faltam pouco mais de 5.000 palavras, mas já estou feliz por chegar até aqui. Fui levado pelos acontecimentos da história e descobri os personagens conforme avancei na narrativa. Uma das coisas mais interessantes em escrever é poder ler um livro antes de qualquer outra pessoa no mundo. Em breve, espero que outras pessoas também possam ler essa história, e se emocionem com ela.

Uma foto publicada por Hugo Sales (@hugosales182) em
Primeiro rascunho, não vou chamar de roteiro porque foi escrito porcamente.

O primeiro rascunho talvez seja cinquenta por cento do caminho andado, não sei ao certo, mas posso dizer que não é o livro final. Esses primeiros passos são os mais importantes, quiçá vitais, para todo e qualquer livro, afinal, não é possível trabalhar em cima de algo que inexista.
Eu estou feliz, feliz demais. A escrita é algo que ajuda a superar os momentos difíceis.   







Você não sabe o que é NaNoWriMo? Então continue lendo para descobrir.
NaNoWriMo é a sigla, ou abreviação, ou apelido, para National Novel Writing Month (Mês Nacional de Escrever Livros) — embora atualmente seja um projeto internacional, a abreviação continua a mesma, por todos já estarem acostumados.
Criado por Chris Baty, o projeto é nada mais que um desafio aos escritores participantes, para que eles se aventurem a escrever um romance de 50.000 palavras durante o mês de novembro.
Por conta do prazo, relativamente curto, recomenda-se que os participantes apenas escrevam. Abandonando o senso crítico e também deixando para revisar e reescrever futuramente. Explorar a criatividade, o trabalho com prazos e, claro, tirar as ideias da cabeça e jogá-las no papel, são os maiores objetivos do projeto.

Regras (texto emprestado lá no Supernovo (publicado em 2014):

1 - Escreva um romance de ficção com no mínimo 50 mil palavras do dia 01 ao dia 30 de novembro.
2 - Se for romance tá valendo. E romance não é uma história de amor, romance é um modo de narrativa de uma história longa e complexa. Isso significa que vale, por exemplo, fanfics e coletâneas de contos (desde que tenham um tema em comum) maaaas! não vale poesia, música, quadrinhos, tirinhas, bibliografias, auto-ajuda e etc.. Deu para entender o que é um romance de ficção né?
3 - Você não pode aproveitar coisas já escritas. Se será uma coletânia de contos não vale pegar um ou dois que escreveu quando era criança. Se será um livro original não vale pegar aqueles dois primeiros capítulos que você já começou no verão passado. Faz parte da experiência não só terminar em 30 dias, mas também começar, ou o efeito de “trabalho concluído” não será o mesmo.


4 - Só vale autoria única. Não rola dividir os contos com seu amiguinho, por exemplo, justamente pelos motivos no item acima. Lembre-se que você está aqui pela experiência e que lidar prazo é a ideia central da proposta.  

Interessantes são os incentivos que partem de escritor para escritor, afinal, não seremos loucos exclusivos que adentrarão nessa jornada. Caso tenha se interessado em participar, você pode visitar o site oficial, e, para complementar, também pode acessar o grupo NaNoBrasil, no Facebook, e conhecer outros participantes.
Depois de ler Sobre a Escrita, do Stephen King, e Palavra Por Palavra, da Anne Lamott, comecei a praticar algumas das dicas dadas por ambos os autores. Coisas relativamente simples, mas que auxiliam bastante no ato de escrever. Como o NaNo exige muita concentração para atingir a meta, um dos conselhos de King é: escreva o primeiro rascunho com as portas fechadas. Evite ao máximo que conversas externas, pessoas ou qualquer outra coisa afete o primeiro rascunho da obra. Aliado a isso, utilizo algo que a Anne Lamott disse: antes das sessões de escrita, ela tira alguns minutos para se desligar o mundo exterior, das coisas do dia a dia, buscando foco total na história e em seus personagens.
O NaNo tem um ritmo alucinado, louco, e prazeroso. Nesse ano, estou conseguindo atingir as metas e criar uma história interessante — estou perto da casa das 20.000 palavras em sete dias de projeto. Para mim, o melhor tem sido manter a assiduidade. Até nos dias menos inspirados, consigo produzir acima de duas mil palavras. Essa, aliás, é outra dica dada por Stephen King: tente manter um bom ritmo. Coloque uma meta de palavras diárias.
Outra coisa que ajudou bastante foi construir uma estrutura prévia da história, uma espécie de roteiro, mas sem muito aprofundamento (no meu caso). Como faço? É bem simples: anoto pontos chaves que devem acontecer dentro de tal capítulo e faço as ligações entre eles.
Em contrapartida, normalmente, eu começo a história e não faço nada disso. Conforme escrevo, descubro, praticamente junto com os personagens, o desenrolar da trama. É uma coisa que gosto muito de fazer. Os dois jeitos são produtivos, e funcionam para mim. Dependendo da história que quero contar, decido se faço uma estruturação ou não.  
No último dia 31, estive na cidade de Espírito Santo do Pinhal, para participar do Bate-papo na Comunidade, programação da III Semana Edgard Cavalheiro. A seguir, vocês lerão um breve registro, salteado, deste dia.
Saí de Paulínia, acompanhado de minha família — que pela primeira vez esteve comigo em um evento literário — e após cerca de 01h20 de viagem, nós chegamos. Fomos extremamente bem recebidos pelo Ricardo Biazotto e o Paulo Stefani Tobias. A hospitalidade deles foi admirável, nos sentimos em casa. Tivemos a oportunidade de conhecer a Igreja Matriz do Divino Espírito Santo, concebida na arte barroca. Linda.
Depois nos dirigimos à E. E. “Profº Benedito Nascimento Rosas”, onde a Katia Abrucese nos acolheu com muito carinho, e até mesmo preparou um ótimo almoço para nós. No tempo vago, até o início do bate-papo, conversei com as pessoas que chegaram aos poucos, conheci um pouco do lugar, e me senti envolvido pela literatura, afinal, frases e textos de diversos autores estavam espalhados pela escola.



 Mediados pelo mestre em filosofia e também escritor, Sílvio Tamaso D’Onofrio, às 14h00 iniciou-se o bate-papo. Além de mim, pudemos contar com a presença do escritor Diego Carleti — que, horas antes, havia defendido seu TCC. Conversamos bastante, sobre variados seguimentos da literatura. Sobre a literatura digital, crônicas, contos, gêneros (especialmente do terror) e alguns outros temas. Tive o prazer de conhecer muitos autores que despertaram meu interesse em conhecer suas obras, e também refleti bastante sobre o poder da literatura na nossa vida, no nosso cotidiano.
Como o bom palhaço que sou, fiz o favor de entrar para o bate-papo vestindo minha máscara demoníaca. Ninguém se espantou, mas pelo menos também não me vaiaram.




Após quase duas horas de muito conteúdo e informações, o evento chegou ao fim. Mas não antes de o microfone ser passado para os nossos espectadores ali presentes. Pude falar um pouco sobre o desenvolvimento das minhas histórias de amor, sobre crônicas e sobre a importância das crianças terem contato com uma literatura de mais compreensão nas escolas. Acho importante que isso aconteça. Desde a quinta série, no mínimo. Onde livros de fácil assimilação e entendimento devem ser repassados para eles, assim, até o colegial, estarão familiarizados com a literatura e não se tornará tão difícil ler um Machado de Assis, por exemplo. Além disso, também considerei uma opinião dada: a de transformar fatos importantes de nossa história, em histórias mais lúdicas para as crianças. Assim como eu espero ter passado uma mensagem boa e ter incitado mais a leitura aos presentes, aprendi muitas coisas, e a ver com outros olhos. Foi uma experiência sensacional, única.

Sílvio, Diego e eu recebemos alguns presentes pela participação. Mas o maior presente foi poder estar ali, naquela tarde. E acho que falo por nós três. Recebi flores, café (que escritor não gosta de um cafezinho, ainda mais sendo um dos melhores do país?), e uma garrafa decorativa, feita em trabalho artesanal, por alunos que participam da Escola da Família. Para mim, um troféu.



Antes de partir, aconteceu uma sessão de autógrafos e fotos, e também sorteios de alguns livros, dentre eles, um exemplar da coletânea Utopia e um do romance fix up King Edgar Hotel. Nessa parte fui às lágrimas.
Eu já estava emocionado por ouvir algumas pessoas dizerem que queria ler minhas histórias, conhecer o que eu escrevia, e me pedindo autógrafos, mesmo eu não tendo contos nos livros que eles tinham em mãos. Enquanto isso, minha máscara repousava sobre a mesa.
Um garotinho chamado Yago foi até ela e a vestiu. Perambulou por todos os cantos com ela. Depois comprou uma edição da Antologia Comemorativa, pegou autógrafos dos autores presentes, e veio até mim.







Foi a primeira vez que tive um contato tão próximo de uma criança, admirada pela literatura, pelos autores. E pude sentir que a magia da arte de escrever se manifestava no coração dele, de todos os presentes. Isso tocou o meu coração de uma maneira indescritível. Em uma rápida conversa com o menino — quantos anos você tem?, ame e respeite seus pais, estude e tire notas boas —, veio a confirmação de que aquela experiência o mudara, mesmo que não tenha me dito, eu pude sentir isso. Talvez, porque toda a situação também me mudou.
Em dado momento, de praxe, perguntei o que ele queria ser quando crescesse. Com os olhos marejados, eu e ele, Yago me respondeu:
— Eu quero ser escritor.





Eu me rendi às lágrimas, e uma vez mais sucumbi ante a qualquer dúvida sobre o poder da escrita, de contar histórias. Eu me despedi de todos os novos amigos, agradeci as pessoas responsáveis por realizar um trabalho tão incrível em um lugar que necessita aproximar as crianças da literatura: a escola. Esse texto é um breve resumo do que aconteceu por lá, do quão especial o dia 31 de Outubro de 2015 foi para mim.

Do fundo de meu coração: obrigado. Desejo de que esse trabalho cresça e se espalhe pelo Brasil. Saí de lá renovado, motivo e inspirado. Obrigado a cada pessoa presente, a todos os envolvidos, e também a todas as pessoas que me ajudam nessa arte, nessa carreira. 












Estampado, na capa de O Vilarejo, novo livro de Raphael Montes, a declaração da atriz Fernanda Torres diz: “Raphael cria uma seleção de histórias macabras digna dos melhores contos dos Irmãos Grimm, sem deixar nada a dever a Stephen King.” Obviamente, fiquei contente por ver um autor nacional comparado ao famigerado King. Ainda que não tivesse abraçado a causa, essas palavras me venderam o livro, e eu enfim pude ler algo do Montes, um autor em ascensão cujo nome já li bastante pela internet.
Ao contrário da declaração de capa, o livro deve algo para alcançar a melhor fase de Stephen King, sim. Por outro lado, bate de frente com algumas das obras do referido autor. No entanto, isso não diz nada sobre a qualidade de O Vilarejo. Comparar autores é sempre uma grande bobagem, e que acaba gerando bastante discussão — mas vende o livro (vendeu para mim).
Em relação aos contos que são apresentados, é um livro excelente. Terror, suspense, agonia, sangue e violência muito bem dosados e conduzidos pelo autor. Quando digo dosado, não quero dizer para menos. Não. As histórias despertaram em mim pura repulsa e estupefação, ante dos fatos narrados.
Baseado na teoria de Peter Binsfeld, padre e demonologista, lançada  em 1589, que cada pecado capital é interligado a um demônio, Montes encontrou aí o guião para a construção do livro. Cada uma das sete histórias apresentadas representa um demônio/pecado capital. Elas são interligadas pelo vilarejo e seus personagens, o que o torna mais que um livro de contos, dando para a obra a alcunha de fix up, caso também do King Edgar Hotel. 
No centro da história, tal vilarejo acaba isolado do restante do mundo, no vale onde é situado, após o rebento de uma guerra civil no país e a intempérie da neve. Ali os personagens passam fome e algumas outras dificuldades excruciantes, trazendo a tona aspectos brutais e monstruosos da psique humana.
Avaliando de forma geral, gostei bastante do livro. Mas também apreciei mais umas histórias do que outras. Destaco aqui a primeira e a última. O início, dado pelo prefácio (vou chegar nele), e seguido pelo conto Banquete Para Anatole, mostram o que você enfrentará nas próximas páginas. É de revirar o estômago. O último, Um Homem de Muitos Nomes¸ trouxe-me, o que até então não havia tido na leitura, aquele momento em que parei e pensei meus sinceros parabéns, Montes. Outros dois trechos que me fizeram ter esse pensamento foram o prefácio e o posfácio. Eles são as cerejas do bolo. Dão o toque de genialidade do livro.
Completando um trabalho interessante, e até mesmo com sua singularidade na literatura nacional, há também as ilustrações produzidas por Marcelo Damm. Impecáveis e perturbadoras, na exata proporção dos contos.

O Vilarejo foi lançado nesse ano de 2015, pela Suma das Letras. A mesma casa de Stephen King. Melhor que comparar se de fato as histórias de Montes devem ou não algo em relação às do King, é pode ler um trabalho bonito como esse, e sentir que o terror nacional está bem representado. É uma obra curta e de leitura rápida. Como André Vianco disse: “...é um livro para ler numa sentada só...”. Concordo. O ritmo da narrativa flui e praticamente te obriga a chegar ao recompensador final. 
Esse foi o primeiro livro de Raphael Montes lido por mim. Certamente será o que indicarei, quando me perguntarem algo sobre o autor. Não é sua estreia, mas o apresenta bem ao público. Agora, com licença, pois vou atrás dos demais livros de Raphael Montes.